1. Todd ainda nos faz lembrar outro fato importante (pág. 140): “É importante recordar que, antes da sua conversão, Constantino seguia a religião do ‘Sol Invicto’... Num certo sentido, Constantino continuou ainda a identificar o Sol com o Deus cristão, encorajado também pela tendência dos escritores e artistas cristãos de usarem imagens do Sol para representar Cristo... Quando no ano 321 Constantino ordenou que o primeiro dia da semana fosse dia festivo e de repouso, chamou-lhe ‘venerando dia do Sol’.” Na verdade, esta foi a primeira vez na história em que o Estado legislou em favor da guarda do domingo. E a aceitação por parte dos cristãos da guarda do domingo se deveu a duas questões principais: primeiro, queriam se distanciar dos judeus (que guardavam o sábado bíblico) por terem sido os executores de Cristo na cruz; segundo, o caminho proposto por Constantino I (guarda do domingo) tornava tudo mais fácil (lembre-se de que os cristãos, até então, eram constantemente perseguidos pelos romanos), já que os pagãos que adoravam o Sol no dia de domingo poderiam ver nesse novo dia de guarda dos cristãos um ponto de convergência, e aceitar com mais facilidade a religião cristã.
2. Portanto, estaria o papa Bento XVI (como fizeram seus antecessores) fazendo de Istambul uma porta de acesso ao passado, querendo reviver os tempos antigos, quando a Igreja e o Estado andaram de mãos dadas e o descanso dominical (com sua influência pagã) foi tornado obrigatório por imposição de leis civis? Tudo indica que sim, tendo em vista que o próprio Vaticano não faz questão nenhuma de esconder suas intenções: logo ao regressar da Turquia, a primeira mensagem de Bento XVI no Vaticano foi dirigida ao Cardeal Francis Arinze – Prefeito da Congregação para o Culto Divino – na qual o Bispo de Roma destacou ser necessário “reafirmar o caráter sacro do dia do Senhor e a necessidade de participar da Missa dominical"; e afirmou também que “em cada celebração eucarística dominical se cumpre a santificação do povo cristão, até o domingo sem ocaso, dia do encontro definitivo de Deus com Suas criaturas". (A ligação dessa mensagem com a viagem à Istambul é indiscutível – note que a mensagem foi escrita no dia 27 de novembro, portanto um dia antes de embarcar para a Turquia, e só foi divulgada no dia 1º de dezembro, ou seja, logo que Bento XVI retornou da viagem. Foi tudo premeditado.)
3. A exortação final de Bento XVI nessa mensagem remove qualquer dúvida que ainda possa existir sobre as intenções da Santa Sé: “Que o Dia do Senhor possa adquirir novamente todo o seu relevo e ser percebido e vivido plenamente, na celebração da Eucaristia, raiz e cerne de um autêntico crescimento da comunidade cristã." Já o Cardeal Arinze, a quem foi dirigida a mensagem papal, compartilha, obviamente, da mesma opinião: “A questão é considerar o domingo como dia do Senhor”, disse ele. Todavia, o desejo de convencer o mundo atual desse dogma romano é tão urgente que ele até usou argumentos absurdos, tais como: “O domingo é o dia do Senhor desde o Livro do Gênesis.” (Mas a “santidade” do domingo não era por causa da ressurreição de Cristo?)
4. O domingo nunca foi no passado, nem será em algum tempo no futuro, o dia do Senhor. Quando Roma afirma que a ressurreição de Jesus no primeiro dia da semana santificou esse dia, tornando-o assim dia de descanso, fala por conta própria e está simplesmente adulterando a Palavra de Deus. Na Bíblia, só há um memorial para a ressurreição de Cristo, e esse memorial instituído por Deus é o batismo (por imersão): “Ou, porventura, ignorais que todos nós que fomos batizados em Cristo Jesus fomos batizados na Sua morte? Fomos, pois, sepultados com Ele na morte pelo batismo; para que, como Cristo foi ressuscitado dentre os mortos pela glória do Pai, assim também andemos nós em novidade de vida. Porque, se fomos unidos com Ele na semelhança da Sua morte, certamente, o seremos também na semelhança da Sua ressurreição.” Romanos 6:3-5.
5. Outro argumento, sem base bíblica também, usado por Roma para sustentar o descanso dominical, consiste em dizer que o apóstolo João recebeu as visões do Apocalipse nesse dia, o “dia do Senhor” (Apocalipse 1:10). Acontece que o texto bíblico citado não afirma em momento algum que o dia referido é o domingo (a palavra “domingo” não é mencionada uma vez sequer na Bíblia). Por outro lado, fica fácil saber qual foi o “dia do Senhor” no qual o apóstolo João teve suas visões. O primeiro verso do livro do Apocalipse afirma: “Revelação de Jesus Cristo, que Deus Lhe deu para mostrar aos Seus servos as coisas que em breve devem acontecer.” A pergunta que deve ser feita é: Quem são os servos mencionados nesse verso a quem são destinadas as visões proféticas? O cristão sincero usa a própria Bíblia para encontrar a resposta: “Aos estrangeiros que se chegam ao Senhor, para O servirem e para amarem o nome do Senhor, sendo deste modo servos Seus, sim, todos os que guardam o sábado, não o profanando, e abraçam a Minha aliança.” Isaías 56:6. Entendeu? Os servos de Deus a quem foram destinadas as profecias do Apocalipse são aqueles que - dentre outras coisas - guardam o sábado! Não seria mais racional afirmar, então, que o “dia do Senhor” no qual João recebeu as visões do Apocalipse também era o dia de sábado?
Continua...
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