Pesquisadores têm buscado embasamento científico e justificativas para um fenômeno que talvez nunca seja fácil de explicar: a infidelidade. Estudos sugerem que variações genéticas estariam relacionadas à dificuldade de ser fiel. Por exemplo um trabalho feito com 552 pares de gêmeos e seus parceiros, que avaliou um gene presente na maioria dos mamíferos, relacionado à formação de vínculos. Os homens que carregavam variações desse gene eram menos propensos a se casar: os que se casaram tiveram mais crises conjugais, e suas mulheres eram mais infelizes, segundo o estudo, feito pelo Instituto Karolinska, na Suécia.
Mas é claro que não é possível utilizar esse dado para prever o comportamento masculino em um relacionamento. "Você olha um "pegador" e identifica, por atitudes e pela forma de se relacionar, que ele tem maior tendência à traição. Mas ainda não dá para dizer que foi programado geneticamente para agir dessa forma", comenta a psiquiatra Carmita Abdo, coordenadora do Programa de Estudos em Sexualidade do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas de SP.
Outros estudos dizem que é possível treinar o cérebro para resistir a desejos "proibidos". [grifo acrescentado]
Um grupo da Universidade McGill, no Canadá, fez várias pesquisas para mostrar a reação de pessoas comprometidas diante das tentações. Concluíram, em um primeiro estágio, que, quanto mais comprometida é a pessoa, mais ela sente repulsa por alguém ou alguma situação que ameace seu relacionamento. Em um dos trabalhos, foi solicitado aos voluntários que dessem notas para fotos de pessoas do sexo oposto. As mais atraentes receberam notas mais altas. Depois, as mesmas fotos foram mostradas, seguidas da informação de que aquelas pessoas gostariam de encontrar os voluntários. Dessa vez, as avaliações foram piores.
Os canadenses ainda avaliaram como os sexos responderiam às ameaças de traição.
Em dois estudos, as mulheres se mostraram mais conscientes do risco de ferir a relação por causa de uma situação proibida, tornando-se mais compreensivas com os parceiros, por exemplo, ao discutir o relacionamento. Os homens não alteraram o comportamento após um flerte simulado.
Uma outra linha de pesquisa tenta provar o que parece óbvio: para Arthur Aron, pesquisador da Stony Brook University, nos EUA, não são os sentimentos de lealdade e de amor que mantêm os casais fiéis. Seus experimentos com atividades monótonas e instigantes mostram que o desafio constante eleva a satisfação dos parceiros com a relação.
"Partindo da hipótese de que não somos naturalmente monogâmicos, que é a mais aceita pelos estudiosos, podemos dizer que alguns se moldam mais e outros não conseguem. A fidelidade é um aprendizado e se sustenta pela necessidade de adequação social, econômica e afetiva", resume Abdo.
Fonte: Folha de São Paulo, 12 de maio de 2010.
NOTA: Partindo da premissa que Deus criou o ser humano para ser monogâmico e que a entrada do mal (pecado) alterou essa tendência, destaco uma das pesquisas citadas nesta matéria, segundo a qual "é possível treinar o cérebro para resistir a desejos proibidos". Isso fica mais agradável e espiritualmente correto de se fazer quando o indivíduo coopera com o agente divino: "Eu vos darei coração novo e porei dentro de vós espírito novo; tirarei de vós o coração de pedra e vos darei coração de carne. Porei dentro de vós o meu Espírito e farei que andeis nos meus estatutos, guardeis os meus juízos e os observeis" (Ez 36:26, 27). Experimente você também...
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