O cardeal Angelo Scola, patriarca de Veneza, apresentou nesta quinta-feira seu último livro, "Uma nova laicidade" (Edições Encontro e CEU Edições), e defendeu a necessidade de um diálogo entre política e religião, onde se passe de "uma relação de tolerância passiva a uma abertura positiva dos estados para com a religião".
"Um estado leigo sem laicismo de estado", propôs. Segundo o cardeal, o Estado "não pode produzir por si mesmo cidadãos morais" e denunciou a concepção de um Estado leigo que seja "arreligioso ou anti-religioso".
"As religiões favorecem a formação de cidadãos morais", prosseguiu o prelado, enquanto o Estado deve ser "o encarregado de assumir esses grandes valores, no marco dos direitos fundamentais". Neste contexto, o patriarca de Veneza destacou a necessidade de um "reconhecimento mútuo", com um valor "prático da convivência".
Nesta relação entre Religião e Estado, o cardeal Scola sublinhou a necessidade de primar "a tradição prevalente" da sociedade e mostrou que o cristianismo deve estar aberto ao debate público, já que "as religiões desempenham um importante papel no sujeito público".
Desta forma, o cardeal animou os cristãos a "propor a totalidade do acontecimento", "todos os mistérios da fé", explicando que é necessário propor o acontecimento de Jesus Cristo, "com todas as suas implicações".
Finalmente, explicou que a Igreja tem um papel fundamental na educação e, com vários exemplos, explicou a necessidade de que em vez de tantos "não", sejam oferecidas "razões positivas", diante de temas como o da família, diferença sexual, imigração, etc...
Fonte: Zenit
NOTA: Para entender a diferença que a Igreja Católica Apostólica Romana (ICAR) estabelece entre "laicismo" e "laicidade" leia antes aqui. Essa diferença realmente existe já que a cultura atual predominante - materialista secular (baseada no ateísmo) - tem a tendência de isolar (até mesmo ignorar) do debate público qualquer pessoa que se apresente com argumentos considerados "cristãos" (Leia mais aqui). Todavia, o que a ICAR geralmente "esquece" de mencionar é que o Estado laico é aquele onde se prioriza a pluralidade de idéias e não se exerce o poder público em benefício apenas da religião majoritária (prejudicando grupos minoritários). Aí é que está o perigo. Qual é a verdadeira intenção da ICAR? Será que ela não pretende alcançar uma maior abertura no debate público (usando inclusive o argumento da laicidade) apenas para impor seus dogmas (em especial, a santificação do domingo) a toda a sociedade? Neste caso, como ficariam aqueles que guardam o sábado bíblico (sétimo dia)?
Um comentário:
http://www.zenit.org/article-16688?l=portuguese
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