quinta-feira, maio 21, 2009

A mente revolucionária - Parte 1

Há quem ame o filósofo Olavo de Carvalho, e há quem o odeie. Até uns dois anos atrás nunca tinha ouvido falar no sujeito, e comecei a ler seus artigos. E me interessei especialmente por esta tese, que ele mesmo considera seu grande trabalho, a estrutura da mente revolucionária. Por mais irascível ou intolerante que o considerem, as idéias de Olavo sobre o processo revolucionário na história me ajudaram a entender muita coisa do que acontece hoje na política brasileira e no mundo.

A idéia de revolução, na perspectiva olaviana, não é necessariamente a de um conflito armado definido no espaço e no tempo, mas antes de tudo é uma maneira invertida de se ver o mundo. Donald Hank, no Laigles Forum caracteriza essa inversão em três aspectos:

1. Inversão da percepção do tempo: pessoas normais vêem o passado como algo imutável, e o futuro como algo ainda a ser definido. Revolucionários têm um projeto de futuro na mente (seja o mundo igualitário dos socialistas ou o paraíso islâmico dos terroristas da Al Qaeda) e acham que o passado pode ser reescrito ou reinterpretado para acomodar seu projeto [e o futuro utópico é uma certeza]. Os soviéticos sempre mudaram seus textos e até fotografias pelo bem do socialismo. Do mesmo modo, alguns hoje enxergam a colonização ibérica na América Latina como parte de um processo civilizatório. A esquerda prefere interpretar esse capítulo da história como predação imperialista.

2. Inversão da moral: revolucionários consideram que trabalham para um projeto de futuro utópico e perfeito e, portanto, suas ações de hoje são perfeitamente justificadas por esse projeto. Nesse raciocínio, nada do que o revolucionário faça pode ser imoral. Isso explica o fato de Che Guevara defender que cada revolucionário se torne uma máquina fria de matar. Ou que Karl Marx tenha tido um filho bastardo com a empregada e o escondido da sociedade. Ou que Rose Marie Muraro tenha defendido o direito do PT roubar. É tudo pelo nosso bem [E o que dizer do Hugo Chavez?].

3. Inversão de sujeito e objeto: Se o revolucionário mata alguém que se opõe a ele, a culpa é do opositor que não seguiu o caminho certo, ou seja, o da revolução. Do mesmo modo, quando somos assaltados hoje, a esquerda diz que a culpa é nossa, e não do assaltante, já que o crime teria origens sociais. O raciocínio é o mesmo quando a esquerda afirma que a culpa dos americanos serem alvos do terrorismo islâmico é deles mesmos, como se os islamistas fossem incapazes de fazer as próprias escolhas.

Existem muitos movimentos revolucionários em andamento no mundo hoje. Há o autoritarismo russo-chinês, definitivamente estabelecido no Pacto de Shangai. Há o islamismo de Mahmoud Ahmadinejad, Bin Laden, Hamas e Hezbollah, que está se infiltrando cada vez mais na Europa. Já há gente propondo tribunais especiais em países europeus para aplicação da Sharia, e esta semana foram divulgados vídeos onde imans em mesquitas européias conclamavam seus fiéis a terem filhos para tomarem conta do continente.

Existe ainda o socialismo/bolivarianismo na América Latina, que já tomou conta da mídia, da educação, da cultura e da política em nosso continente. Existe um movimento globalista/ambientalista nos Estados Unidos e na Europa por um governo global. O ambientalismo, com a bandeira do aquecimento global, conseguiu a façanha de fazer a Royal Society, por exemplo, esquecer o próprio lema: Nullius Verba, ou “ninguém tem a palavra final”, princípio básico da ciência. Contestar o aquecimento virou heresia nesta nova religião. E por tocar no assunto, um exemplo de inversão de moral: Al Gore consumir 20 vezes mais energia do que você ou eu.

Todos eles usam a mesma estrutura de pensamento descrita por Olavo de Carvalho. E de alguma forma todos esses movimentos acabam interagindo. Por exemplo: todas as armas encontradas com terroristas islâmicos são de fabricação russa ou chinesa. Da mesma forma, o globalismo e o ambientalismo encontram vários adeptos na esquerda latino americana. O nacionalismo americano é o pior inimigo do globalismo, daí que o anti-americanismo na esquerda latina e mundial seja tão bem vindo. Agora adivinhe porque Obama é tão popular no resto do mundo e nem por isso é o preferido nos EUA. Os antiamericanos mundiais adoram Barack Obama. Essa é a mente revolucionária.

Por outro lado, o que chamamos, por exemplo, de Revolução Americana não foi um movimento revolucionário no sentido que Olavo de Carvalho dá ao termo. Os Founding Fathers americanos nunca quiseram impor uma utopia à nação recém formada, e sim criar um país onde cada indíviduo pudesse buscar seu sonho de felicidade. O famoso Pursuit of Happiness escrito por Thomas Jefferson. E essa é uma lição que deveríamos ter aprendido com eles.

Fernando Sampaio (FAQ)

Continua...

Nenhum comentário: