Em 1999, o Conselho Federal de Psicologia baixou uma resolução proibindo os psicólogos de tratar as homossexualidades como patologias. Na época, o pastor Israel Belo de Azevedo publicou a reflexão abaixo, a qual se mantém atual em meio às novas polêmicas sobre o tema.
Será a psicologia uma ciência? A pergunta pode parecer tosca, não fosse uma resolução baixada pelo Conselho Federal dos psicólogos. Desde o dia 23 de março de 1999, portanto, ficamos todos sabendo, pelo Diário Oficial da União, que "a homossexualidade não constitui doença, nem distúrbio, nem perversão". Não adianta discordar porque, como manda a praxe, ficaram revogadas todas as disposições em contrário.
Pela mesma instrução, os psicólogos estão terminantemente proibidos de colaborar "com eventos e serviços que proponham tratamento e cura das homossexualidades" ou de achar publicamente que os homossexuais são "portadores de qualquer desordem psíquica". Assim, quem é psicólogo que trate de pensar igual ao Conselho Federal, a menos que queira acertar as contas com seus pares-representantes.
De igual modo, quem achava que o tema da homossexualidade fosse uma questão aberta e até pretendesse estudá-lo fique certo que não há mais o que debater. Uma penada o encerrou. Como é da natureza da ciência estar sempre aberta ao debate, especialmente quando o objeto é o ser humano, soa doloroso e anacrônico que a psicologia enquanto ciência tenha sido assassinada, logo ela que tem escolas, correntes e tendências tão fascinantemente múltiplas.
O que se quer discutir aqui, pois, não é a natureza, desviante ou não, do homossexualismo, mas a intolerância estampada em nome da tolerância. Por isso, o lamento seria o mesmo se a ordem fosse contrária. Decidisse o CFP que os homossexuais são portadores de desordem psíquica, estaria destilando a mesma intolerância.
Não tem um homossexual o direito de se achar psiquicamente desordenado e bater à porta de um consultório em busca de cura? Não tem o psicólogo o direito de entender que esse homossexual pode ser tratado?
A resposta, por decreto (como se ciência fosse feita por decreto), é um duplo "não". Os homossexuais, que eventualmente queiram mudar, não precisam se preocupar: o Conselho não legisla sobre eles, pelo que não poderão ser alcançados. Aos psicólogos, que eventualmente queiram ajudá-los, só resta a indigna clandestinidade. Com licença para uma paráfrase, seu cuidado não pode ousar dizer o nome.
Nada haveria a opor se o órgão de classe apenas e contundentemente condenasse, como o faz, aquelas ações coercitivas que visem "orientar homossexuais para tratamentos não solicitados". Ninguém deve ser coagido, nem mesmo pela melhor causa, porque é a liberdade que faz uma pessoa tornar-se humana.
A grandeza de Galileu Galilei foi precisamente a de resistir às bulas papais de que a terra não se movia. É àquela época que a resolução de agora nos faz retroceder. Não será, porém, um desvio desses que fará a ciência da psicologia resvalar do seu caminho.
Fonte: Mundo Cristão
Um comentário:
Bem Sérgio, com certeza homossexualidade é uma anomalia, sendo que há indícios de ser genética ou mental ou as duas combinadas.
Mas seria interessante abrir-se um espaço para que o Conselho de Psicologia se manifestasse em relação ao suposto tratamento que determinados profissionais aplicam para o caso e o por quê de tal resolução.
Tem de haver uma explicação plausível, uma vez que todo ato administrativo deve ser motivado. Não pode ser "é porque alguém do Conselho achou que tem de ser assim e ponto final".
Não tenho idéia sobre que tipo de tratamento tais psicólogos empregam e quais são seus resultados e consequências em relação à cura de seus pacientes.
Muitas vezes, um psicólogo pode deixá-lo mais perturbado do que já está, de acordo com o método que utiliza ou como se desenrola o tratamento.
Ou seja, ha casos em que a pessoa pode mesmo ser levada ao suicídio ou a seqüelas irreversíveis.
Sei disso pois tenho parentes psicólogos e eles vêem com maus olhos o tratamento para homossexuais deixarem de sê-lo. Apenas me disseram que há uma repressão da vontade mas que cura real não existe e o índice de "recaídas" é alto.
Disseram ser mais fácil lidar com adictos em drogas, anorexicos, compulsivos em geral e viciados em jogatina. Mas não entrei em mais detalhes com eles.
O máximo que disseram é que procuram fazer a pessoa aceitar tal situação, quando procurados, o que é raro (dito por eles), no que se refere à homossexualidade, exceto quando pais notam isso em seus filhos e os mandam para o consultório à força.
Mas uma coisa acho que pelo menos é certa; ninguém é feliz sendo anormal ou tendo comportamentos que se desviem da ordem natural das coisas (exceto se há perda total da razão e da consciência).
Isso pode não representar nada para animais (onde o comportamento homossexual já foi observado), mas para nossa espécie (a qual tem consciência dos padrões sociais de comportamento) deve ser muito ruim ser diferente dessa forma.
Se for possível, abra um espaço para que o Conselho de Psicologia se manifeste sobre o caso.
Gostaria muito de ouvir/ler a opinião deles sobre o caso.
Para tecer um comentário justo, isento e imparcial, ouça o sino dos dois lados.
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