Barack Obama é um cristão que milhões de americanos insistem em considerar muçulmano. Mitt Romney pertence à igreja Mórmon, que muitos americanos consideram um culto não-cristão. A campanha eleitoral deste ano é sem dúvida uma em que os dois candidatos principais não têm interesse em falar de religião. Mas quando se trata de política, algumas oportunidades são boas demais para deixar passar. Se um dia houve chances para um pacto de não-agressão religiosa, elas evaporaram depois que uma recente decisão de Obama deu novo e poderoso material para aqueles que gostam de acusá-lo de estar lutando uma “guerra contra a religião”.
A decisão em questão foi um presente para os republicanos não só porque é controversa em si, mas também porque vem do já mal-amado Ato de Proteção ao Paciente e Tratamento Acessível, ou “Obamacare”, como foi apelidado. Os Republicanos dizem que vão revogar o Obamacare porque sua ideia central – obrigar todo mundo a ter seguro de saúde, sob pena de multa – é uma violação da liberdade individual. Agora o Departamento de Saúde e Serviços Humanos plantou na legislação sementes de algo que seus críticos dizem ser ainda mais questionável: nada menos do que uma violação da liberdade religiosa.
O Ato de Proteção ao Paciente determina que empregadores paguem o seguro de saúde de seus funcionários (ou sejam multados), e permite que o governo estabeleça padrões mínimos de cobertura do mesmo seguro. No verão passado o departamento de saúde decretou que as novas políticas de seguro de saúde deveriam cobrir serviços de controle de natalidade para mulheres, incluindo a pílula do dia seguinte (que muitos anti-aborcionistas consideram uma forma de aborto) e esterilização. Igrejas estão isentas; mas hospitais, escolas e universidades filiados a igrejas, a maioria das quais têm empregados, estudantes e pacientes de religiões diversas, não estão. Quando a nova lei for efetivada, em 2013, eles terão que incluir esses serviços nos seus planos de saúde, sem custos adicionais para os funcionários.
Essa decisão perturbou muita gente, mas a Igreja Católica está particularmente furiosa. “Nunca antes na história,” diz Timothy Dolan, presidente da Conferência de Bispos Católicos, “o governo federal tinha forçado indivíduos e organizações a comprar um produto no mercado que vai contra sua consciência.” Cartas raivosas de bispos foram lidas de púlpitos ao redor do país. Tendo conquistado seu voto com 54% contra 45% nas eleições de 2008, Obama pode agora ter problemas séries com os 70 milhões de católicos dos Estados Unidos. Peggy Noonan, colunista do Wall Street Journal, acha que essa decisão pode chegar a lhe custar a eleição [...]
Fonte: The Economist
Tradução: Opinião e Notícia
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