quarta-feira, dezembro 13, 2006

O passado está chegando – Parte 3

1. No entanto, não é isso que a Igreja Romana almeja. Menos de uma semana após a divulgação da mensagem de Bento XVI reafirmando “o caráter sacro do dia do Senhor e a necessidade de participar da Missa dominical", o Arcebispo Prendja, da Croácia, manifestou-se “exigindo princípios morais na política”. Sendo mais direto, acrescentou: "Os operários que trabalham na indústria têm muitas vezes de trabalhar aos domingos e fazem-no por recearem perder o emprego. Mas o domingo deve ser respeitado como dia de descanso.” (Alguém ainda tem dúvidas sobre as intenções da Icar?). A mensagem papal ecoou também na mídia tupiniquim. Em relação ao dogma romano do descanso dominical, a ambição e a ousadia do Vaticano são de um nível tão elevado que o Catecismo da Igreja Católica apresenta, sem meias palavras, a seguinte pergunta (nº 454): “Por que é importante reconhecer civilmente o domingo como dia festivo?” (Percebeu a intenção por detrás da palavra “civilmente”?)

2. Para levar as nações a um estágio onde a Igreja e o Estado andem de mãos dadas, a Santa Sé tem usado sua arma preferida: a astúcia política. Uma das áreas onde pode se ver bem isso aqui no Brasil é na educação. Pouco a pouco, aulas de religião têm sido inseridas nas escolas públicas. Como nosso País é oficialmente laico, percebe-se uma atitude descabida. É o que diz também a professora Roseli Fischmann (Folha de S. Paulo, 14 de novembro de 2006). Segundo ela, o ato de o MEC ditar conteúdos para aulas de religião é algo que “revogaria também a laicidade do Estado brasileiro”. Mas a informação mais surpreendente foi dada por ela ao relatar sua participação, em setembro deste ano, no 6º Colóquio do Consórcio Latino-Americano de Liberdade Religiosa, realizado na cidade do Rio de Janeiro. Ali, ao protestar contra a afirmação feita de que o Estado brasileiro é católico, foi surpreendida pela afirmação de um advogado da CNBB, que disse estarem “quase totalmente prontos os termos de uma concordata entre o Vaticano e o Brasil”, que segundo ele seria “muito completa, com repercussões legais, políticas, administrativas, tributárias e financeiras”. Depois de saber que a assinatura de uma Concordata (acordo de cooperação internacional entre o Vaticano e outro Estado) é prerrogativa exclusiva de um Chefe de Estado, concluiu: “Sem qualquer debate dos parlamentares ou conhecimento da sociedade brasileira, já que o presidente pode simplesmente assiná-lo – correríamos o risco de ter um Estado religioso e peculiar, Vaticano, interferindo na vida do Estado laico que é o Brasil, religiosa e politicamente plural.” A divulgação desse fato já provocou repercussões na mídia brasileira.

3. Não poderia ser de outra forma, já que a união Igreja-Estado sempre é uma ameaça para a liberdade, especialmente das minorias religiosas. Mais surpreso ainda você deve ficar ao saber que o Vaticano já assinou, recentemente (2004), Concordata com outro país: a República de Portugal. Se em breve o Brasil também assinar Concordata com o Vaticano, e esta for igual àquela, então, todas as nossas suspeitas se concretizarão. Isso porque dentro dos 33 artigos (número místico: 11 + 11 + 11) da Concordata assinada pelo Vaticano e a República de Portugal aparecem pelo menos dois artigos comprometedores. O artigo 3º diz: “A República Portuguesa reconhece como dias festivos os domingos... A República Portuguesa providenciará no sentido de possibilitar aos católicos, nos termos da lei portuguesa, o cumprimento dos deveres religiosos nos dias festivos.” (Embora não seja uma “Lei Dominical”, é mais um grande passo dado para quebrar barreiras que ainda existem para tornar o domingo “dia de descanso” obrigatório a todos.)

4. Já o artigo 19º afirma: “A República Portuguesa, no âmbito da liberdade religiosa e do dever de o Estado cooperar com os pais na educação dos filhos, garante as condições necessárias para assegurar, nos ternos do direito português, o ensino da religião e moral católicas nos estabelecimentos de ensino público não superior, sem qualquer forma de discriminação.” Sendo assim, ou eu estou, literalmente, delirando, ou, realmente, o passado está chegando!

“Já é tempo, Senhor, para intervires, pois a Tua lei está sendo violada.” Salmo 119:126

3 comentários:

Anônimo disse...

Pastor Sérgio,

elogios não são necessários fazer as suas pesquisas, que sempre são de alta qualidade. Neste momento, o único comentário cabível é:
MARANATA! Espero que O veremos sem dormirmos.

Forte abraço;

Fernando Machado dos Santos
Blumenau/SC
fernando.m.santos@gmx.net

Anônimo disse...

Pastor,
Estou delirando junto com o Pastor.
Mas esse delírio vai acabar na "nuvem da alegria".
Grande abraço e obrigado por estes três posts fantásticos...
Marcello.

Anônimo disse...

Parabéns! Acredito que toda essa união com os ortodoxos e demais povos tem tb a ver com a unificação da pascoa; o que mudaria o calendario gregoriano para o calendario universal ( no dicionario Aurelio já consta) com isso mudaria os dias semanais o Sábado passaria a cair na sexta feira e o domingo no sábado .Seria um desastre para a maioria dos adventistas que perderiam seus empregos. Mais conhecimento pesquise sobre calendario universal na internet.

fique com Deus