segunda-feira, dezembro 18, 2006

A questão básica na crise final – Parte 3

O sábado em Apocalipse 14

Retornando à questão principal deste [estudo], torna-se evidente que a questão crucial para o mundo no fim é como se relacionar com a primeira tábua da lei. Mas é possível avançar um passo mais e dizer que o mandamento do sábado é, em certo sentido, a questão derradeira na crise final? Creio que sim. Mas a fim de demonstrar a centralidade do mandamento do sábado, é necessário discutir brevemente o relacionamento do livro de Apocalipse com o Antigo Testamento.

Conquanto o livro de Apocalipse esteja repleto de referências ao Antigo Testamento, nunca o cita diretamente. Apenas faz alusão a ele com uma palavra aqui, uma frase acolá. Descobrir que textos do Antigo Testamento o Revelador está referindo em dado ponto pode ser uma questão complicada. Há somente uma pequena quantidade de lugares no Apocalipse onde se pode encontrar quatro, cinco ou seis palavras em comum com a fonte veterotestamentária. Essas estão, logicamente, entre as mais claras menções ao Antigo Testamento no Apocalipse. Um desses lugares é a última parte de Apocalipse 14:7: “Adorai aquele que fez o céu, e a terra, e o mar, e as fontes das águas.”

Que texto veterotestamentário se tem em mente aqui? Em meu texto grego, terceira edição da United Bible Societies, que certamente não tem intenção de promover o adventismo, a margem indica que a sentença acima é uma alusão a Êxodo 20:11, o quarto mandamento. Qual é o significado dessa citação? Simplesmente esta: sete vezes em Apocalipse 13 e 14 a palavra “adoração” é aplicada à trindade iníqua. “Eles adoraram o dragão”; “adorar a besta”; “adorar a imagem da besta”. Somente uma vez nessa seção inteira há um apelo a adorar o verdadeiro Deus. Se o verdadeiro culto versus o falso é a questão central do tempo do fim, esta passagem (Apocalipse 14:7) é o texto central da seção, possivelmente do livro inteiro. Quando o Apocalipse finalmente chega ao ponto de apelar às pessoas para adorarem o verdadeiro Deus, fá-lo no contexto do quarto mandamento — o do sábado. Num sentido especial, portanto, o autor de Apocalipse considerou o sábado a questão crucial na crise final.

Em ambos os textos (Apocalipse 14:7 e Êxodo 20:8-11) o chamado para adorar tem lugar no contexto da Criação. Uma das melhores razões para adorar a Deus é o fato de que Ele nos criou (esse é também o tema de Apocalipse 4:9-11). Como memorial da Criação, o sábado aponta continuamente a Deus como objeto de culto. A questão na crise final, portanto, não se limita ao sábado, mas o sábado é parte integral da questão.

A relevância do sábado

Quem se importa, por outro lado, com o que João, Revelador, ensinou? Sua inspirada opinião não resolve o aspecto da relevância. Há algo sobre a questão do sábado que o torne digno de se chamar a ele a atenção do mundo todo, a despeito do fato de que parece tão fora da realidade para as pessoas de nossa época? Por que iria Deus apanhar uma questão como essa como o enfoque central na crise do tempo do fim? Eu gostaria de sugerir três razões.

Uma das razões é que o sábado, devidamente compreendido, é a resposta ideal ao evangelho. O evangelho nos fala que Jesus Cristo obteve para nós o que não poderíamos conquistar por nós mesmos: o direito de estarmos em correta postura diante de Deus (Rom. 3:21-24). Somente Deus é santo (Apoc. 15:4), contudo, por causa de Seus poderosos atos em Cristo, o Seu povo é capaz de apresentar-se justo diante dEle, pela fé agora e pela vista, no fim (Apoc. 15:2-4; cf. Apoc. 12:11). Conquanto a Bíblia nos incentive a servir a Deus e uns aos outros (Mat. 25:31-46), nada podemos acrescentar à perfeita obra de Cristo que nos torne justos diante de Deus. A única resposta apropriada a essa obra perfeita é um espírito penitente que descanse em Sua obra consumada.

(Continua...)

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