“Pois não foi a anjos que sujeitou o mundo que há de vir, sobre o qual estamos falando.” Hebreus 2:5
A expressão “ecumenismo” deriva da palavra grega oikoumene que é traduzida na Bíblia como “mundo habitado” ou “terra habitada”. No verso acima aparece como “mundo que há de vir”. O verdadeiro ecumenismo é aquele que promove os princípios do “mundo que há de vir”. Estaria o atual movimento ecumênico de igrejas em conformidade com aquilo que a Revelação aponta como princípios do reino vindouro?
Embora o Vaticano venha enfatizando o “escândalo da divisão” do cristianismo desde o Concílio Vaticano II, e promovendo o diálogo com as várias denominações cristãs “separadas” de Roma, e também com as religiões pagãs orientais, essa mesma postura de contemporização e relativismo tem afastado igrejas e grupos cristãos mais conservadores. E há razões de sobra que justificam essa atitude de cautela ou mesmo condenação:
1. De acordo com o autor Bert Beverly Beach, "o quadro escatológico da igreja de Deus antes da segunda vinda não é o de uma megaigreja reunindo toda a humanidade, mas o de um 'remanescente' da cristandade, aqueles que guardam os mandamentos de Deus e têm a fé de Jesus (Apocalipse 14:12)".
2. O movimento ecumênico tem dado mais importância à moralidade social do que à santificação pessoal. É uma espécie de coletivismo religioso, onde o consenso coletivo tem muito mais valor do que a consciência e a piedade pessoal. Isso é um sério problema para a verdadeira fé cristã já que, segundo o fundador do cristianismo, o passaporte para o "mundo que há de vir" é o arrependimento (que pressupõe mudança de atitude diante de Deus e conformidade com as verdades bíblicas): "Arrependei-vos, porque está próximo o reino dos céus." Mateus 4:17.
3. O pluralismo de idéias dentro do ecumenismo também é um fator complicador. Debaixo do guarda-chuva ecumênico se abrigam não só os defensores da teologia liberal, que vão desde os que não consideram o texto bíblico normativo e dotado de autoridade, até os que acreditam na revelação proposicional (a inspiração não está no texto, mas na experiência do leitor), como também aqueles provenientes das religiões orientais, com seus conceitos pagãos, o que contraria abertamente a mensagem cristã: "Não vos ponhais em jugo desigual com os incrédulos; porquanto que sociedade pode haver entre a justiça e a iniqüidade? Ou que comunhão da luz com as trevas?... Retirai-vos do meio deles, separai-vos, diz o Senhor." II Coríntios 6:14 e 17. Nas palavras de Bert B. Beach, "a separação e a divisão a fim de proteger e preservar a pureza e a integridade da igreja e sua mensagem são mais desejáveis do que a unidade em mundanismo e erro". A verdade é uma só: "Andarão dois juntos, se não houver entre eles acordo?" Amós 3:3.
4. Michael Urban, autor evangélico conservador (apesar de ser dispensacionalista – acredita que as profecias apocalípticas vão se cumprir com a nação de Israel literal –, seu pensamento sobre o ecumenismo é relevante), afirma que o problema maior para os cristãos com o ecumenismo é que, na verdade, este movimento pretende criar uma nova visão de mundo e uma nova idéia sobre Deus que abrangerá todas religiões. Em outras palavras, o Jesus pregado pelos cristãos tem que dar lugar a um Deus que seja comum a todas as religiões, incluindo as de cunho pagão.
5. Segundo o mesmo autor, a arma eficaz usada pelo movimento ecumênico é a sedução. Aparência de piedade, mas o espírito continua totalmente anticristão. Fato comprovado ao verificarmos as várias frases de impacto usadas pelos seus defensores: "a doutrina separa, a oração une", "devemos construir pontes e não muros" e "unidade no que é relevante, liberdade no que é secundário e, acima de tudo, o amor". Todas essas frases de impacto escondem conceitos antibíblicos. "A doutrina separa, a oração une": a doutrina é encarada como um obstáculo, e a separação que ela pode trazer como indesejável. Porém, Jesus mesmo foi quem previu: "Não penseis que vim trazer paz à terra; não vim trazer paz, mas espada. Pois vim causar divisão entre o homem e seu pai; entre sua filha e sua mãe e entre a nora e sua sogra." Mateus 10:34 e 35. A doutrina também tem um lugar de destaque na fé cristã: "Todo aquele que ultrapassa a doutrina de Cristo e nela não permanece não tem Deus; o que permanece na doutrina, esse tem tanto o Pai quanto o Filho." II João 1:9. Urban conclui: "Como podemos unir em oração aquilo que Deus separou?"
6. "Unidade no que é relevante, liberdade no que é secundário e, acima de tudo, o amor": Porventura, há na mensagem bíblica aspectos secundários? Ou será que tudo que foi escrito para nosso proveito é que foi escrito? Se há aspectos secundários, quem deve determinar o que é secundário? Esvaziar a mensagem bíblica do seu todo orgânico é uma armadilha por detrás dos pressupostos ecumênicos.
Graças a Deus, há muitos cristãos conservadores que não se deixarão seduzir pela aparência de piedade destituída de poder.
“Sabe, porém, isto: nos últimos dias, sobrevirão tempos difíceis, pois os homens... tendo forma de piedade, negando-lhe, entretanto, o poder. Foge também destes.” II Timóteo 3:1, 2 e 5
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