O clímax da visita do bispo de Roma ao Brasil ocorreu na missa celebrada no Campo de Marte, em São Paulo, onde foi canonizado Frei Galvão, o primeiro santo verde-amarelo. Possivelmente, as implicações teológicas desse evento são o melhor indicativo do abismo existente entre a teologia católica e o protestantismo.
A Igreja Católica, ao canonizar os santos, apresenta-os aos fiéis como “intercessores” diante de Deus e também incentiva sua adoração (aos santos) na forma de imagens. Uma flagrante violação do segundo mandamento da Lei de Deus: “Não farás para ti imagem de escultura... não as adorarás, nem lhes darás culto” (Êxodo 20:4 e 5). (Só para lembrar: a ICAR aboliu o segundo mandamento da Lei de Deus por sua própria autoridade.)
Como surgiu, então, essa doutrina espúria de “santos” tornarem-se intercessores? A resposta é uma só: foi copiada do modelo pagão do Império Romano. O teólogo Orlando Jerônimo de Oliveira assim explica: “A mitologia clássica da Grécia e de Roma ensinava a existência de Dii Majores, divindades superiores, e Dii Minores, divindades inferiores. Os pagãos acreditavam que os Dii Majores possuíam todo o poder e autoridade e que os Dii Minores serviam de mediadores entre os deuses e os mortais, de tal modo que a mitologia grega no Império Romano consistia de muitos deuses e muitos mediadores. Acreditava-se que quando um homem se fazia notável por seus feitos, conquistas e invenções ou qualquer outra coisa que o distinguisse como benfeitor do gênero humano, podia ser canonizado e posto no número dos deuses inferiores. Como deus inferior ou semi-deus vinha a ser um mediador. A simpatia por seus semelhantes, somada aos méritos o tornavam idôneo para desempenhar as funções de intercessor entre os mortais e os deuses maiores. Os filósofos pagãos Hesíodo, Platão, Apuleo, e outros, falam todos nesse sentido. O filósofo Apuleo disse: ‘Os semi-deuses são inteligências intermediárias, por meio das quais nossas orações e necessidades chegam ao conhecimento dos deuses. São mediadores entre os habitantes da Terra e os habitantes do Céu. Eles levam para lá as nossas orações e trazem para a Terra os favores implorados. Eles vão e voltam como portadores das súplicas dos homens e dos auxílios da parte dos deuses’” (A Igreja Católica nas Profecias, p. 107, 108. Editora Ados).
Como a ICAR apresenta um “santo” para cada necessidade da vida humana (casamenteiro, livrar-se da dívida, etc.), o ministério intercessor de Jesus no Céu fica esvaziado, sem sentido. A profecia bíblica já havia advertido de que isso ocorreria: “Sim, engrandeceu-se até o príncipe do exército; dele tirou o sacrifício diário e o lugar do seu santuário foi deitado abaixo” (Daniel 8:11). O poder por trás dessa profecia é o poder romano (tanto o Império quanto a Igreja Romana, posteriormente). Se o “exército dos céus” contra quem o chifre pequeno lutou são os “santos de Deus”, então o Príncipe do exército é o próprio Filho de Deus: Jesus Cristo. O Império Romano “engrandeceu-se” contra Ele na pessoa de Pilatos e dos soldados romanos que O torturaram e O crucificaram. E “deitaram o lugar do seu santuário abaixo” quando no ano 70 d.C. os romanos destruíram Jerusalém e o templo dos judeus, não deixando ali “pedra sobre pedra”. Já a Igreja Romana, levantou-se contra Cristo e “dEle tirou o sacrifício diário” quando substituiu alguns dos ensinamentos bíblicos por tradições humanas. A melhor tradução para “sacrifício diário” é “contínuo”, e não se refere ao sacrifício mas sim à intercessão contínua de Cristo no santuário celestial: “Porque Cristo não entrou em santuário feito por mãos, figura do verdadeiro, porém, no mesmo céu, para comparecer, agora, por nós, diante de Deus” (Hebreus 9:24). De alguma forma a Igreja Cristã anulou a intercessão que Cristo foi realizar no Céu. Na verdade, além de alterar a Lei de Deus, os Dez mandamentos, o poder religioso de Roma transferiu o ato de intercessão pelo pecador para o líder da igreja, para os sacerdotes. Deitaram abaixo o lugar do santuário de Deus, invalidando a contínua intercessão de Cristo, sem falar da multidão de “santos intercessores” criados pela Igreja como imitação do paganismo romano.
Pesa ainda o fato de que a igreja foi capaz até de comercializar o perdão vendendo indulgências, método contra o qual se levantou Martinho Lutero. Tudo isso contribuiu para desfigurar a imagem de Deus e Sua obra de salvação pela humanidade. De acordo com o Papa Leão XIII, a missa substituiu o trabalho de Cristo no santuário celestial: “Os sacrifícios do Velho Concerto eram sombras do futuro sacrifício da cruz muito antes já do nascimento de Cristo. Após a Sua ascensão ao Céu, um sacrifício idêntico continuou na missa... Nosso Divino Redentor quis que o sacrifício consumado uma vez na cruz se prolongasse para sempre. E isto é feito através da missa” (citado por Edwin Thiele, Apostila de Daniel). De fato, Pedro, quando diante de um pecador para conceder-lhe perdão, não assumiu essa responsabilidade que só compete a Jesus, mas aconselhou-o a rogar a Deus pelo perdão (Atos 8:20-23).
“Porquanto, há um só Deus e um só Mediador entre Deus e os homens, Cristo Jesus, homem” (1 Timóteo 2:5).
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