sexta-feira, setembro 14, 2007

O cerimonial do santuário terrestre - Parte 1

O povo de Deus havia permanecido durante séculos como escravos no Egito. Através de um milagre o Senhor os libertou do jugo da escravidão e prometeu introduzi-los na Terra Prometida. Porém, como estivessem acostumados com a escravidão e com a idolatria do Egito, esqueceram-se da prática da religião verdadeira. Deus tinha por objetivo restabelecer a religião entre o povo. Por isso resolveu instituir um método didático e permanente: "E me farão um santuário, para que eu possa habitar no meio deles" (Ex 25:8). Através do cerimonial do santuário esperava Deus ensinar o evangelho a um povo inculto e contaminado com as influências da idolatria egípcia.

O santuário possuía três compartimentos: o Pátio, o lugar Santo e o lugar Santíssimo. Em cada um desses compartimentos havia móveis que eram utilizados no serviço cerimonial. No Pátio havia: o altar dos holocaustos e a pia onde os sacerdotes se purificavam. No lugar Santo estava: o altar de incenso, o castiçal com sete lâmpadas e a mesa dos pães da proposição. E no Santíssimo: a arca com a Lei de Deus e o propiciatório com dois querubins voltados um para o outro. Separando o Pátio externo do Santo, bem como o Santo do Santíssimo havia um véu ou cortina.

Todo o cerimonial do santuário visava ensinar algumas lições ao povo:
1- A morte diária de um cordeiro ensinava que o pecado implica em morte: "Porque o salário do pecado é a morte" (Rm 6:23).
2- O perdão só pode ser alcançado com derramamento de sangue (porque a vida está no sangue): "Com efeito, quase todas as coisas, segundo a Lei, se purificam com sangue; e, sem derramamento de sangue, não há remissão" (Hb 9:22).
3- O homem precisa de um mediador para interceder por ele (só o sacerdote podia entrar no Santo e ministrar com o sangue derramado): "Ora, o essencial das coisas que temos dito é que possuímos tal sumo sacerdote, que se assentou à destra do trono da majestade nos céus, como ministro do santuário e do verdadeiro tabernáculo que o Senhor erigiu, não o homem" (Hb 8:1, 2). "É Cristo Jesus quem morreu ou, antes quem ressuscitou, o qual está à direita de Deus e também intercede por nós" (Rm 8:34).

O sacerdote era o mediador entre o pecador e Deus. Após o sacrifício do animal, o sacerdote entrava no lugar Santo e aspergia o sangue do animal no altar de ouro e juntamente com o incenso (que representava as orações do povo subindo com a justiça de Cristo) fazia a intercessão pelo pecador. No lugar Santíssimo, entre os querubins, Deus se manifestava através de uma glória muito intensa e falava com o Sumo Sacerdote (chefe dos sacerdotes), que entrava uma vez por ano nesse compartimento para purificar o santuário de todos os pecados que, simbolicamente, foram transferidos para lá durante aquele ano (esse dia especial de purificação era chamado Dia da Expiação, e era o dia mais importante do cerimonial do santuário).

Todo o cerimonial visava apontar para o sacrifício e intercessão de Cristo. Quando Cristo morreu na cruz esse cerimonial perdeu a função e a validade. O "tipo" encontrou o "antítipo". E Deus demonstrou claramente esse fato, conforme diz as Escrituras: "Eis que o véu do santuário se rasgou em duas partes de alto a baixo; tremeu a terra, fenderam-se as rochas" (Mt 27:51). É por isso que o povo de Deus, a partir de então, não precisa mais oferecer holocaustos. A morte de Cristo já é uma realidade histórica. Nossa fé está baseada em um fato histórico consumado, e não em algo que ainda está por vir.

O assunto do santuário é importante para compreensão de outros temas da Bíblia, principalmente das profecias. Os "tipos" do santuário terrestre profetizam o plano da salvação em dois sentidos: quanto aos acontecimentos em si e quanto ao tempo em que cada um ocorreria. O Pátio externo com seus utensílios tipificava a fase do ministério terrestre de Jesus. Já o lugar Santo apontava para o ministério intercessor de Jesus no santuário celestial. E o lugar Santíssimo prefigurava o juízo e o segundo Advento de Cristo.

Continua...

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