Alguns sectores da Igreja católica surpreenderam ao tomar uma posição negativa em face da possibilidade dos hipermercados abrirem aos Domingos à tarde. Tal atitude surpreendeu-me e conduziu-me a um conjunto de questões que convosco partilho:
1) Porque é que o problema está no Domingo à tarde e não em todo o dia de Domingo? Afinal, biblicamente, há um dia semanal, para nós, o Domingo, que é consagrado ao descanso dos que trabalham.
2) Porque é que só os trabalhadores dos hipermercados devem ser defendidos?
3) Porque é que os trabalhadores de outros negócios são votados ao esquecimento destes defensores de Domingo à tarde, como por exemplo os dos Centros Comerciais?
4) Porque é que se esquecem os locais de lazer e divertimento, onde milhares de trabalhadores trabalham por turnos e sem condições de encontro com as suas famílias, para que outros se divirtam, afinal na fruição de um serviço sem sentido de indispensabilidade para a vida humana, nem de saciedade de naturais necessidades?
5) Porque é que os jornais, as televisões, as rádios emitem aos Domingos, mantendo agarrados às câmeras, aos microfones, às luzes, às mesas de ‘régie’ e aos computadores centenas de trabalhadores?
6) Porque é que os trabalhadores dos supermercados ou lojas de conveniência são esquecidos quando estão abertos ao Domingo, os primeiros até às 20:30 e os segundos até às 23:00 ou mais?
7) O que é que verdadeiramente distingue um supermercado de um hipermercado? O tamanho? A concorrência? Os preços? Alguma outra característica teológica?
8) Porque é que o direito à reunião dos trabalhadores dos hipermercados deve prevalecer sobre o direito dos outros à reunião com as suas famílias, à hora de jantar nos regulares dias de semana, quando muitas das famílias têm de fazer as compras da semana, ou mês, no final de um dos dias dos seus extensos horários de trabalho?
9) Porque é que durante uma parte do ano, os Hipermercados, estando abertos há anos aos Domingos à tarde, não sofreram contestação por parte destes mesmos sectores?
10) Porque é que se Deus nos criou como criaturas a quem nos foi facultada a escolha e se desde sempre decidimos (até Adão decidiu!), porque é que não deveremos poder escolher entre trabalhar ou não trabalhar ao Domingo à tarde?
11) Porque é que os que acreditam que o Domingo à tarde é para reunião familiar e não para compras ou não tarefas, não deixam simplesmente de consumir ao Domingo à tarde para levar os Hipermercados à conclusão que é economicamente desastrosa a abertura destas grandes superfícies aos Domingos à tarde?
Enquanto doutorando em Inglaterra, assisti a esta mesma discussão e polémica, no início dos anos 90. Cheguei a ver fervorosos defensores do descanso dominical invadirem os supermercados aos Domingos.
Nessa altura fiz a minha escolha que mantenho: dou a liberdade aos homens, e que cada um tome as suas decisões. Não devem ser terceiros a limitarem a minha actividade se ela não põe verdadeiramente em causa a dignidade do ser humano nem se sobrepõe ao interesse de terceiros.
João Duque
Fonte: Diário Econômico
(Colaboração: Géssica)
Leia também: "Defendemos um dia comum de descanso"
4 comentários:
Boa Noite Pastor.
Dá uma olhada nessa notícia:
http://g1.globo.com/Noticias/Mundo/0,,MUL473095-5602,00.html
"...Papa pede que católicos lutem contra relativismo e laicismo....O pontífice também lembrou aos católicos as "raízes cristãs do domingo" e encorajou os jovens a "seguir Cristo"...."
Abraço
Carlos Eduardo
http://noticias.terra.com.br/brasil/interna/0,,OI2893875-EI5030,00-PE+menina+e+espancada+com+fio+por+nao+fazer+licao.html
Biblicamente o domingo é o dia de descanso? Onde está esta passagem?
É incrível como as pessoas escrevem artigos sobre o que desconhecem...
O domingo não é, nem nunca foi o dia de descanso bíblico. Êxodo 20:8-11.
A matéria deste post foi colocada aqui para demonstrar que há um debate grande em portugal atualmente sobre a imposição do dia de guarda dos católicos: domingo, e que há pessoas mesmo da sociedade em geral que discordam disto, pelo fato de ferir a separação de Igreja e Estado, o que também é nossa opinião.
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