terça-feira, setembro 18, 2007

A visão do santuário - Parte 3

A esta altura do estudo, deve estar bem claro em nossa mente que o santuário terrestre dos judeus era um modelo (cópia) do santuário existente no céu: "Os quais [sacerdotes] ministram em figura e sombra das coisas celestes, assim como foi Moisés divinamente instruído, quando estava para construir o tabernáculo; pois diz ele: Vê que faças todas as coisas de acordo com o modelo que te foi mostrado no monte" (Hb 8:5). Da mesma forma, devemos ter consciência que Cristo ascendeu ao céu para realizar a obra de intercessão no santuário celestial: "É Cristo Jesus quem morreu ou, antes, quem ressuscitou, o qual está à direita de Deus e também intercede por nós" (Rm 8:34). "Porque Cristo não entrou em santuário feito por mãos, figura do verdadeiro, porém no mesmo céu, para comparecer, agora, por nós, diante de Deus" (Hb 9:24). "Filhinhos meus, estas coisas vos escrevo para que não pequeis. Se, todavia, alguém pecar, temos Advogado junto ao Pai, Jesus Cristo, o Justo" (1Jo 2:1). Ainda mais evidente é o fato de que as Escrituras apontam Jesus Cristo como único intercessor entre Deus e os homens: "Porquanto há um só Deus e um só mediador entre Deus e os homens, Cristo Jesus, homem" (1Tm 2:5).

Voltando à visão de Daniel capítulo 8...

VISÃO: "De um dos chifres saiu um chifre pequeno e se tornou muito forte para o sul, para o oriente e para a terra gloriosa" (Verso 9).
INTERPRETAÇÃO: "Levantar-se-á um rei de feroz catadura e especialista em intrigas" (Verso 23). O chifre pequeno, ou ponta pequena, representa também um rei ou reino. Há um detalhe de suma importância no verso em consideração. Os que usam a tradução em português das Escrituras, precisarão de muito cuidado ao analisar o texto. Quando o verso 9 diz que "de um deles saiu um chifre pequeno" o leitor pode ficar em dúvida, pois pode estar se referindo a "de um dos chifres" ou "de um dos quatro ventos do céu" do verso anterior. No original hebraico não existe a palavra "chifres" no verso 9. Para esclarecer a dúvida precisamos analisar o gênero das palavras. No caso, a língua hebraica admite o gênero masculino, feminino ou neutro. O pronome "deles" está no masculino e por isso não pode combinar com "chifres" que está no feminino. A combinação se dá com a palavra "ventos" do verso anterior que está no masculino. O poder representado pelo chifre pequeno saiu de um dos quatro ventos da terra, ou seja, de um dos quatro pontos cardeais. Na verdade, de acordo com a seqüência de poderes encontrados na visão de Daniel 7, esse chifre pequeno só pode estar simbolizando o Império de Roma e por extensão a Igreja Romana. O Império de Roma surgiu à oeste em relação aos reinos divididos do Império Grego. E estendeu seu domínio (tornou-se forte) ao conquistar a Macedônia (168 A.C.), a Síria (65 A.C.), a Palestina (63 A.C.) e o Egito (30 A.C.).

VISÃO: "Cresceu até atingir o exército dos céus; a alguns do exército e das estrelas do céu lançou por terra e os pisou" (Verso 10).
INTERPRETAÇÃO: "Causará estupendas destruições, prosperará e fará o que lhe aprouver; destruirá os poderosos e o povo santo" (Verso 24). Tanto o Império de Roma quanto a Igreja Romana foram duros em sua oposição aos inimigos. Os romanos destruíram completamente seus inimigos políticos, e nos primeiros séculos da Era Cristã perseguiram também os cristãos (os santos de Deus). Roma não admitia que os cristãos negassem adoração ao imperador romano considerado como um deus por seus súditos. Aqueles que rejeitavam os costumes pagãos difundidos pelo Império eram jogados na arena para lutar com animais ferozes e serviam de espetáculo à turba assassina. Muitos ainda foram queimados, executados e torturados nessa época. Da mesma forma, a Igreja Cristã perseguiu por toda a Idade Média aqueles que não prestavam honras a seus líderes nem a seus dogmas. A Inquisição foi o órgão interno da igreja para repressão dos hereges. Os waldenses, albigenses, huguenotes, hussitas (grupos que se opuseram a Roma), foram massacrados diversas vezes pela Inquisição. Em 1572, em Paris, aconteceu o massacre do Dia de São Bartolomeu, onde morreram milhares de inocentes. Esse órgão interno de repressão da Igreja Romana ainda existe e, atualmente, chama-se "Congregação para a Doutrina da Fé".

VISÃO: "Sim, engrandeceu-se até o príncipe do exército; dele tirou o sacrifício diário e o lugar do seu santuário foi deitado abaixo" (Verso 11).
INTERPRETAÇÃO: "Por sua astúcia nos seus empreendimentos, fará prosperar o engano, no seu coração se engrandecerá e destruirá a muitos que vivem despreocupadamente; levantar-se-á contra o Príncipe dos príncipes, mas será quebrado sem esforço de mãos humanas" (Verso 25).


Se o "exército dos céus" contra quem o chifre pequeno lutou são os "santos de Deus", então o Príncipe do exército é o próprio Filho de Deus: Jesus Cristo. O Império Romano "engrandeceu-se" contra Ele na pessoa de Pilatos e dos soldados romanos que O torturaram e O crucificaram. E "deitaram o lugar do seu santuário abaixo" quando no ano 70 D.C. os romanos destruíram Jerusalém e o templo dos judeus não deixando ali "pedra sobre pedra". Já a Igreja Romana (uma extensão do Império Romano), levantou-se contra Cristo e "dele tirou o sacrifício diário", quando substituiu alguns dos ensinamentos bíblicos por tradições humanas. A melhor tradução para "sacrifício diário" é "contínuo", e não se refere ao sacrifício mas sim à intercessão contínua de Cristo no santuário celestial (prefigurada pela intercessão diária do sacerdote no santuário terrestre): "Porque Cristo não entrou em santuário feito por mãos, figura do verdadeiro, porém, no mesmo céu, para comparecer, agora, por nós, diante de Deus" (Hb 9:24). De alguma forma a Igreja Romana anularia a intercessão que Cristo foi realizar no céu. Na verdade, "a igreja medieval assumiu várias das prerrogativas de Cristo, o príncipe do exército, e obscureceu Seu ministério sumo sacerdotal levado a efeito no santuário celestial" (C. Mervyn Maxwell, Uma Nova Era segundo as Profecias de Daniel, p. 180).

Continua...

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