quinta-feira, setembro 06, 2007

A visão dos quatro animais - Parte 1

A mensagem profética, em geral, apresenta a forma como Deus trata com o pecado e com o pecador. Sendo assim, o objetivo da profecia é mostrar ao homem o caminho para alcançar a vitória sobre o pecado: "Não havendo profecia o povo se corrompe; mas o que guarda a lei, esse é feliz" (Pv 29:18). No capítulo 7 de Daniel encontra-se registrada a visão profética que Daniel teve no ano 553 a. C., já com 70 anos.

VISÃO: "Eu estava olhando, durante a minha visão da noite, e eis que os quatro ventos do céu agitavam o mar Grande. Quatro animais, grandes, diferentes uns dos outros, subiam do mar" (Dn 7:2, 3).
INTERPRETAÇÃO: "Estes grandes animais, que são quatro, são quatro reis que se levantarão da terra" (7:17).
Portanto, a visão de Daniel 7 é uma repetição do sonho profético que o rei Nabucodonosor teve 50 anos antes, e que Daniel havia interpretado (Daniel 2). O objetivo de Deus é salientar Sua onisciência revelando novamente o futuro, agora usando outros símbolos e, tão importante quanto isso, acrescentando novos detalhes para ampliar a compreensão dos leitores. Trata-se do princípio de ampliação e repetição, tão presente nas profecias apocalípticas da Bíblia.

Os quatro reinos, representados aqui por "quatro animais" são os mesmos do capítulo 2: Babilônia, Medo-Pérsia, Grécia e Roma. Os "ventos" simbolizam as guerras com as quais um reino haveria de adquirir supremacia sobre o outro: "Trarei sobre Elão os quatro ventos dos quatro ângulos do céu, e os espalharei na direção de todos esses ventos; e não haverá país aonde não venham os fugitivos de Elão. Farei tremer a Elão diante de seus inimigos e diante dos que procuram a sua morte... e enviarei após eles a espada, até que venha a consumi-los" (Jr 49:36, 37). E as "águas" representam o mundo povoado de onde surgiriam os reinos: "As águas que viste... são povos, multidões, nações e línguas" (Ap 17:15).

VISÃO: "O primeiro era como leão e tinha asas de águia; enquanto eu olhava, foram-lhe arrancadas as asas, foi levantado da terra e posto em dois pés, como homem; e lhe foi dada mente de homem" (7:4).
INTERPRETAÇÃO: Assim como o ouro é o melhor dos metais, e o leão é o mais destacado dentre os animais, assim seria o reino da Babilônia. As "asas de águia" simbolizam a velocidade com que venceram seus inimigos: "Pois eis que suscito os caldeus, nação amarga e impetuosa, que marcham pela largura da terra, para apoderar-se de moradas que não são suas. Eles são pavorosos e terríveis... os seus cavalos são mais ligeiros do que os leopardos, mais ferozes do que os lobos ao anoitecer são os seus cavaleiros que se espalham por toda parte; sim, os seus cavaleiros chegam de longe, voam como águia que se precipita a devorar" (Hc 1:6-8). O fato deste animal, posteriormente ter perdido suas asas e ficado sobre dois pés tendo recebido mente de homem, significa que perderia suas qualidades próprias da natureza de um leão, ou seja, a coragem e a força, e passaria a ser tímido e fraco. De fato, a história demonstra que os últimos reis de Babilônia foram fracos comparados a Nabucodonosor II.

VISÃO: "Continuei olhando, e eis aqui o segundo animal, semelhante a um urso, o qual se levantou sobre um de seus lados; na boca, entre os dentes trazia três costelas; e lhe diziam: Levanta-te, devora muita carne" (7:5).
INTERPRETAÇÃO: De acordo com a seqüência dos impérios, o urso só pode representar os Medos-Persas, sendo que a Pérsia adquiriu hegemonia sobre a Média, ou "se levantou sobre um de seus lados". As "três costelas" representam os mais importantes reinos da época derrotados pelos Medos-Persas: "Bendito o Senhor, que não nos deu por presa aos dentes deles" (Sl 124:6) – a Lídia (547 a. C.), a Babilônia (539 a. C.) e o Egito (525 a. C.).

VISÃO: "Depois disto, continuei olhando, e eis aqui outro, semelhante a um leopardo, e tinha nas costas quatro asas de ave; tinha também este animal quatro cabeças, e foi-lhe dado domínio" (7:6).
INTERPRETAÇÃO: O reino da Grécia, representado pelos quadris de bronze na estátua do capítulo 2, aqui é simbolizado pelo leopardo. As asas, como vimos, representam velocidade. Sem dúvida, uma clara referência a Alexandre O Grande, o qual em pouco tempo levantou o Império Grego sobre a terra. Um detalhe acrescentado neste capítulo quanto ao reino grego é a presença de "quatro cabeças". Essas cabeças representam reis (líderes políticos): "Mas a capital da Síria será Damasco, e o cabeça de Damasco, Rezim" (Is 7:8). Quando Alexandre O Grande morreu (323 a. C.), o reino grego dividiu-se em quatro partes, ficando uma parte para cada general do Império. Antígono tentou a qualquer custo manter unido o império desmembrado, mas falhou. "Esta (batalha de Ipsos, 301 a. C.) foi a última tentativa de restaurar o desmembrado império de Alexandre. Lisimaco ficou com a ásia Menor ao norte do Tauro; Seleuco com a Mesopotâmia e a Síria; Cassandro com a Macedônia; e Ptolomeu com o Egito e o sul da Síria". (History of Ancient Civilization, citado por Edwin Thiele, Apostila de Daniel, p. 60).

VISÃO: "Depois disto, eu continuava olhando nas visões da noite, e eis aqui o quarto animal, terrível, espantoso e sobremodo forte, o qual tinha grandes dentes de ferro; ele devorava e fazia em pedaços, pisava aos pés o que sobejava; era diferente de todos os animais que apareceram antes dele e tinha dez chifres" (7:7).
INTERPRETAÇÃO: Esse quarto animal era tão terrível que o profeta não conseguiu classificá-lo zoolgicamente. Além dos dentes de ferro, possuía também unhas de bronze (verso 19). Sendo que os dentes e as unhas são usados pelos animais para atacar, isso é uma indicação de que o quarto reino se destacaria pela intensidade do seu poder destruidor. Nada mais exato poderia ser usado para profetizar o poder destruidor das legiões romanas. Quanto aos dez chifres, "correspondem a dez reis que se levantarão daquele mesmo reino" (verso 24). Aqui, mais uma vez há uma clara correspondência com o capítulo 2, onde foram mencionados os dez dedos da estátua representando também dez reinos. Em ambos os casos, o cumprimento histórico se deu com as dez tribos bárbaras que fragmentaram o Império Romano do Ocidente em 476 d. C..

Continua...

2 comentários:

Frederico Cabral disse...

Muito bom Sérgio ! Meus Parabéns !!!

Seus estudos são sempre de excelente qualidade !!!

Abraços
Fred

Teacher disse...

Muito bom estudo, mas eu gostaria que você aprofundasse mais o assunto, no caso sobre os 10 reis. Estou muito interessada nisso
Um abraço