quinta-feira, setembro 06, 2007

A visão dos quatro animais - Parte 3


"Eu olhava e eis que este chifre fazia guerra contra os santos e prevalecia contra eles... e os santos lhe foram entregues nas mãos, por um tempo, dois tempos e metade de um tempo" (Dn 7:21, 25). Praticamente dois aspectos estão envolvidos nessa profecia: o tempo especial de supremacia deste poder e a ação de intolerância para com os santos de Deus. Sobre o significado da palavra "tempo" na profecia, o próprio livro de Daniel esclarece: "Porque o rei do Norte tornará, e porá em campo multidão maior do que a primeira, e, ao cabo de tempos, isto é, de anos, virá à pressa com grande exército e abundantes provisões" (11:13). Então, em profecia, "tempo" significa "ano". Por isso, somando "um tempo, dois tempos e metade de um tempo", chegamos a três anos e meio. E para descobrir quanto vale três anos e meio na profecia, de acordo com o historicismo, basta recorrer a própria Bíblia: "Quarenta dias te dei, cada dia por um ano" (Ez 4:7). E também: "Segundo o número dos dias em que espiastes a terra, quarenta dias, cada dia representando um ano, levareis sobre vós as vossas iniqüidades quarenta anos" (Nm 14:34). Portanto, cada dia profético representa um ano literal (de 360 dias de acordo com o calendário da época), e se desmembrarmos os "tempos", ou "anos" em meses de 30 dias chegamos à seguinte conclusão:

1 "tempo" = 1 "ano" = 12 meses X 30 dias = 360 dias proféticos.
2 "tempos" = 2 "anos" = 24 meses X 30 dias = 720 dias proféticos.
½ "tempo" = ½ "ano" = 6 meses X 30 dias = 180 dias proféticos.

Somando todos os dias proféticos chegamos ao total de 1260. Como já vimos que, um dia profético representa um ano literal (de 360 dias), então, concluímos que o tempo de supremacia do poder representado pelo chifre pequeno seria de 1260 anos. Assim, o cumprimento histórico pode ser observado pelos seguintes fatos:

538 d. C. – Emissão de um decreto pelo imperador Justiniano, onde o bispo de Roma foi reconhecido como o cabeça de todas as igrejas. Nesse mesmo ano, Belisário derrotou definitivamente os Ostrogodos, último dos três chifres (reinos) que foram arrancados por influência do chifre pequeno (Dn 7:24), estabelecendo então, oficialmente a supremacia papal.
1798 d. C. – O general Berthier, das tropas Napoleônicas, invadiu Roma e aprisionou o papa Pio VI, confiscando as terras da Igreja e aplicando-lhe um golpe mortal, determinando o fim da supremacia papal.

Dessa forma, os 1260 dias proféticos (ou 1260 anos literais), cumpriram-se plenamente na história e servem para atestar a veracidade da profecia.
Ainda conforme a profecia, esse poder usaria de intolerância extrema para com aqueles que ousassem pensar diferente de seus dogmas: os chamados "hereges". O líder de uma das Cruzadas, certa vez afirmou: "Não poupamos nem sexo, nem idade, nem posição, mas a todos ferimos com o gume da espada" (Leopold Ranke, Weltgeschichte, citado por Guilherme Stein Jr., Sucessos Preditos da História Universal, 2ª Ed., p. 68). E sobre a Inquisição, a história esclarece: "Aqui e acolá os inquisidores penetravam inesperadamente nas casas; todos os suspeitos eram presos, lançados em cárceres imundos, e obrigados à confissão pelas mais terríveis torturas, sendo finalmente condenados à fogueira, o que, porém, tinha de ser executado pela autoridade secular – porque a igreja não bebe sangue. As fogueiras ardiam em número incalculável e a execução era feita sempre com grande solenidade em presença de altos personagens e de enorme multidão de povo. Os que se retravam iam perecer na prisão" (Enciclopédia Britânica Micropédia, v. 5, p. 366, verbete Inquisição Medieval, citado em Sucessos Preditos da História Universal, 2ª Ed., p. 69).

Outros fatos demonstram o cumprimento profético: "Inocêncio VIII, em 1487, expediu uma bula contra os valdenses, convocando todos os membros da Igreja a se unirem na cruzada contra os hereges" (Nota de Ruy Carlos de C. Vieira, editor de Sucessos Preditos da História Universal, 2ª Ed., p. 70). Em Paris, no dia 23 de agosto de 1572, ocorreu o massacre dos protestantes franceses chamados huguenotes, que ficou conhecido como massacre do dia de São Bartolomeu. Fernado Alvarez de Toledo, conhecido como Duque D’Alba (1507-1582), restabeleceu nos Países Baixos, o famoso "Conselho de Sangue" (Ibidem, p. 70). Sem dúvida, esses exemplos e outros mais que poderiam ser citados contribuem para confirmar a veracidade da profecia: "magoará os santos do Altíssimo" (Dn 7:25).

"Cuidará em mudar os tempos e a Lei" (verso 25). Essa profecia é a que mais caracterizaria o poder do chifre pequeno – a mudança da Lei de Deus. Tal mudança aconteceu gradualmente, devido a vários fatores desde o segundo século da era cristã. Todavia, um fator determinante foi a absorção por parte da Igreja Romana de costumes pagãos. Por isso, já em 321 d. C., o imperador Constantino, tentando ganhar a cristandade sem perder o apoio dos pagãos, decretou a primeira Lei Dominical que se tem notícia. A partir de então, os cristãos foram obrigados a venerar o domingo como dia santo, em lugar do sábado do sétimo dia prescrito no 4º mandamento da Lei de Deus. Essa mudança deu-se sem autorização bíblica, baseada exclusivamente na autoridade da Igreja. A luta entre a autoridade da Igreja e a autoridade das Escrituras foi a nota tônica no decorrer de todo o período em que o chifre pequeno (Igreja Romana) dominou. A seguinte resolução foi tomada no Sínodo de Toulouse em 1299: "Os leigos não devem possuir os livros do Velho e do Novo Testamento; mas somente o saltério e o breviário, e também estes livros não em traduções feitas no idioma do país" (citado por Guilherme Stein Jr., Sucessos Preditos da História Universal, 2ª Ed., p. 72).

Continua...

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