A Revolução Francesa foi uma amarga rebelião contra toda forma de religião. Tanto assim, que o Parlamento francês a proibiu por completo e declarou a França um Estado oficialmente ateu, condição em que ela existiu durante vários anos na década de 1790. Ao contrário a Revolução Americana, que ocorreu uns dez ou quinze anos antes, foi muito diferente. Porque quando dispuseram a separação de Igreja e Estado, os redatores da Constituição não possuíam nenhum tipo de hostilidade para com a religião. Em realidade, eles reconheciam que seu experimento democrático poderia ter êxito unicamente em uma nação cujos habitantes fossem essencialmente religiosos.
Por exemplo, James Madison escreveu que "a crença em um Deus Todo Poderoso, sábio e bondoso, é essencial para a ordem moral do mundo" (Jon Meacham, American Gospel: God, the Founding Fathers, and the Making of a Nation, p. 228). Também George Washington afirmou: "A razão e a experiência nos impedem de esperar que a moralidade nacional prevaleça caso o princípio religioso seja excluído" (Address of George Washington, President of the United States... Preparatory to His Declination, p. 22 e 23). E John Adams declarou que "Nossa Constituição foi preparada exclusivamente para um povo moral e religioso. E é completamente inadequada para o governo de um povo com características diferentes" (Charles Frances Adams, ed., The Works of John Adams, Second President of United States, 9:229).
Isto não significa que os redatores da Constituição eram cristãos devotos, assíduos leitores da Bíblia, que assistiam à igreja semanalmente. Em verdade, eram uma espécie única de secularistas, que apreciavam a contribuição positiva da religião para a vida da nação. Thomas Jefferson era um deísta que, quando estava na Casa Branca, passou várias tardes com a Bíblia em uma mão e uma navalha na outra, cortando aquelas passagens dos Evangelhos que contradiziam a maneira que ele entendia os ensinamentos de Jesus. E todavia, na introdução da Declaração de Independência, escrita por ele, fala "das leis da natureza", e "da natureza de Deus", e no prefácio da mesma afirma que "todos os homens foram criados iguais... por seu Criador". Benjamin Franklin, que também era deísta, atacou o dogma religioso. Entretanto, disse: "Se apesar da religião os homens são tão maus, como seriam sem ela?" (Benjamin Franklin’s Letter to Toman Paine).
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De modo que aqueles que escreveram a Constituição reconheceram a importância da religião, ao mesmo tempo em que estavam convencidos de que o novo governo não poderia patrociná-la.
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É de vital importância entender que a versão norte-americana da separação de Igreja e Estado foi o resultado de uma colaboração única entre o secularismo e a religião.
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Tradicionalmente a expressão pública da religião nos Estados Unidos tem sido chamada de "religião civil", ou "deísmo cerimonial"... A religião pública, ou civil, consiste no reconhecimento por parte do governo da existência de um Ser supremo, ao mesmo tempo em que deixa às igrejas, e ao crente individual, a promoção da religião e a formulação de suas doutrinas.
Fonte: Marvin Moore, ¿Podría Ocurrir?, p.114-116.
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